Há dez anos em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, um bloco vai além das cores, ritmos e da alegria carnavalesca. Criado em 2009 por diversas organizações não governamentais, em parceria com os governos do estado e do município, o ?Quem disse que a gente não vinha?? levanta a bandeira do combate à violência contra a mulher.
Apesar das dificuldades dos últimos anos, a agremiação resiste e vai celebrar seu décimo carnaval no dia 3 de março, com concentração às 17h, na Praça Dom Malan, no Centro da cidade.
A Associação das Mulheres Rendeiras do bairro José e Maria e Adjacências é uma das organizações que levam o ?Quem disse que a gente não vinha? às ruas de Petrolina. Segundo a coordenadora adjunta, Márcia Alves, a proposta do bloco surgiu há dez anos e a ideia veio de uma construção que já existia no Recife.
?O bloco tem uma missão de chamar atenção para violência contra a mulher, no sentido que a gente precisa prevenir a violência em todos os momentos. A luta ela não para", afirma.
O bloco sai sempre com uma atração musical e faz a distribuição de materiais educativos. Também são realizadas homenagens a mulheres que se destacaram durante o último ano, na implantação de políticas voltadas às mulheres. Durante o percurso tem momentos de fala das convidadas.
?O bloco tem tentado manter a característica inicial e tem resistido a partir do momento que ele sai na rua e mostra que não tem cabimento essa violência. Mudar, muda, por causa das administrações, e isso não quer dizer que a gente não vai sair e dar o nosso recado?, reforçou Márcia.
A presidente da Associação do Assentamento Mandacaru, na zona rural, Ozaneide Gomes dos Santos, participou de todos os carnavais do ?Quem disse que a gente não vinha??. ?Nós mobilizamos as mulheres da comunidade como uma forma de inclusão delas, já que no interior não tem nenhuma festa de carnaval".
"Nossa principal bandeira é mostrar aos foliões que a violência não vai levar a lugar nenhum", reforça.
No ano passado, Ozaneide conta que, aproximadamente, 250 pessoas participaram do bloco, que teve que se juntar ao ?Sou Legal, Sou Especial? para desfilar no carnaval de Petrolina . ?Em 2018 não tivemos o apoio total do município, não teve nenhuma atração e só teve uma parte pequena de material de divulgação. Todos os anos, o poder público municipal entra com a atração e o poder público do estado entra com as camisetas e material de divulgação?, explicou.
Segundo Ozaneide, a agremiação já puxou mais de mil foliões, levando a bandeira do combate a violência contra a mulher. E é com esse objetivo que o bloco pretende seguir nos carnavais de Petrolina.
?Esse ano já conseguimos uma orquestra e o material de divulgação. A expectativa é que a gente possa trazer maior número de mulheres e jovens para o bloco. E que a gente possa nos revigorar e fortalecer ainda mais a nossa campanha?.
A Prefeitura de Petrolina informou em nota que para o bloco 'Quem disse que a gente não vinha', assim como com outros blocos, é dado o apoio com atração musical. Este ano, a orquestra de frevo Baque Virado acompanhará a agremiação. Já em relação a 2018, buscando redução de custos e melhor utilização do dinheiro público, o bloco saiu junto com 'Sou Legal, Sou Especial' e 'Alegria não tem idade' , ambos vinculados à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (Sedesdh).
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