O agente penitenciário Roberto Murilo Almeida de Oliveira, de 37 anos, chegou a ser socorrido para o Hospital Otávio de Freitas (HOF), mas não resistiu ao ferimento e morreu.
A tentativa de tomada do Setor de Permanência ocorreu por volta das 5h, no Presídio Agente Penitenciário Marcelo Francisco de Araújo (Pamfa). Na confusão, o detento Luiz Jonas da Conceiçãoficou ferido e foi encaminhado para atendimento no Hospital Otávio de Freitas, em Tejipió, na Zona Oeste, onde permanece estável aguardando cirurgia.
Segundo o presidente do Sindasp, João Carvalho, um preso se aproximou de um agente, na permanência, e o ameaçou com uma faca artesanal.
"Os dois iniciaram uma luta corporal e o preso conseguiu pegar a arma do agente. Os presos diariamente se aproximam da permanência para pedir liberação da alimentação. Pela falta de efetivo, tinha apenas um agente na permanência e outros cinco em todo o presídio", disse João.
Por meio de nota, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o Instituto de Criminalística foram acionados e um procedimento administrativo será aberto para apurar o fato.
Segundo a pasta, o agente assassinado entrou no Sistema Penitenciário há seis anos e deixa a esposa grávida e um filho. Em 24 anos, segundo a secretaria, esta foi a primeira morte de um agente penitenciário em serviço no Sistema Prisional de Pernambuco.
O Complexo do Curado tem três unidades e um histórico de problemas, tendo sido alvo de uma denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Uma confusão foi registrada no dia 15 de março, no Presídio Frei Damião de Bozzano (PFDB), outra unidade do complexo. Na ocasião,um detento morreu e outro ficou ferido.
A superlotação do Complexo do Curado foi um dos problemas constatados durante a visita da comitiva da Organização dos Estados Americanos (OEA), em junho de 2016. Representantes de organizações que denunciaram a situação do presídio apontaram, ainda, a permanência de violações dos direitos humanos, apontadas desde 2011, por um grupo liderado pela Pastoral Carcerária do Estado.
A pastoral denuncia uma série de irregularidades na unidade, que envolvem danos à integridade física dos presos, problemas de saúde por falta de cuidados médicos e falta de segurança para os agentes, entre outras. A inspeção foi feita por juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA e representantes das organizações, acompanhados de equipes dos governos estadual e federal.
Pernambuco tem 10.841 vagas em unidades prisionais e pouco mais de 30 mil detentos. Com cerca de 1,5 mil agentes penitenciários, o estado tem uma média de 20,1 presos por agente ? a pior situação do Brasil, como mostra o levantamento feito pelo G1.
Preferindo manter o anonimado, um dos agentes penitenciários do Complexo Prisional do Curado contou à reportagem sobre a situação dentro do sistema e a rotina diária de lidar com a superlotação.
Visitas: 5588656
Usuários Online: 1