Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos há um ano, prometendo mudar a cara da política americana e transferir o "poder de volta ao povo". Mas o que de fato ele conseguiu fazer até agora?
A BBC preparou seis gráficos que analisam os primeiros 12 meses do seu governo, incluindo comparações interessantes - e até surpreendentes - com seus antecessores.
Trump é um dos presidentes mais impopulares da era moderna. Sua taxa de aprovação semanal gira em torno de 39% após 12 meses no cargo, de acordo com o instituto Gallup.
Os presidentes Barack Obama (50%), Bill Clinton (54%) e George W. Bush (83%) apresentavam índices muito maiores no mesmo período de seus respectivos mandatos.
A média de aprovação de Trump ao longo do ano também é de 39%, a mais baixa registrada entre os presidentes em seu primeiro mandato. Clinton apresenta, por sua vez, a segunda menor taxa: 49%.
Mesmo Gerald Ford, que assumiu a Presidência após a renúncia de Richard Nixon e o escândalo de Watergate, tinha cerca de 40% de aprovação após 12 meses no cargo, segundo o Gallup.
Quando Trump tomou posse, em 20 de janeiro, ele tinha a taxa de aprovação mais baixa que qualquer outro presidente recém-chegado à Casa Branca. Ele ganhou as eleições com menos votos que a adversária democrata Hillary Clinton, então, não é surpreendente que os percentuais fossem baixos.
O que pode preocupar a Casa Branca é que algumas pesquisas de opinião indicam que o apoio a Trump está se esvaindo entre seus principais eleitores, incluindo homens brancos sem diploma universitário e americanos da zona rural.
Se a taxa de aprovação do presidente continuar à mercê da força da gravidade, a expectativa é de inquietação na bancada republicana à medida que o Congresso se prepara para as eleições legislativas de novembro de 2018.
A construção de um muro na fronteira com o México, uma das principais promessas da campanha de Trump, está longe de acontecer.
Há protótipos construídos, mas os democratas se recusaram a aprovar um centavo sequer para o projeto - e as autoridades do México dizem que nunca vão pagar por isso.
Trump continua a pressionar o Congresso para mudar as leis de imigração dos Estados Unidos, incluindo o encerramento do sistema de "loteria de vistos", no qual candidatos são selecionados aleatoriamente, por computador, entre as inscrições qualificadas. E também com a "migração em cadeia", que dá prioridade a parentes de residentes legais.
Ao mesmo tempo, ele assinou dois memorandos executivos que orientam os oficiais de imigração a adotar uma abordagem muito mais severa para fazer cumprir as medidas existentes.
Em setembro, o governo Trump anunciou o fim do programa Daca, criado em 2012 durante a gestão de Barack Obama para regularizar temporariamente imigrantes em situação ilegal que chegaram aos Estados Unidos quando eram menores de idade.
A Casa Branca e o Congresso tentaram negociar uma forma de tentar promulgar uma legislação que ofereça proteções semelhantes, mas não chegaram a um acordo final.
A coação à imigração - e a dura retórica de Trump - podem ter levado a uma queda no número de pessoas que tentaram entrar ilegalmente nos Estados Unidos nos primeiros meses da nova gestão, mas os números se recuperaram em 2017.
O enfático discurso de Trump contra os imigrantes ilegais faz parecer que o governo Obama pegou mais leve, mas não foi à toa que o ex-presidente foi rotulado de "deportador-chefe".
Entre 2009 e 2015, seu governo mandou embora do país mais de 2,5 milhões de pessoas - a maioria tinha sido condenada por alguma infração criminal ou era recém-chegada. Mas cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais ainda vivem nos EUA, muitos deles provenientes do México.
A agência de Imigração americana lançou uma série de incursões em todo o país desde que Trump foi eleito - uma mudança em relação à gestão Obama, que focava em áreas ao longo da fronteira, levando a um aumento mensal de 40% na comparação com a última fase do governo anterior.
A mudança ainda não levou a mais deportações. Em vez disso, mais de 600 mil casos estão acumulados à espera da avaliação final de juízes de imigração.
Durante a campanha, Trump prometeu criar 25 milhões de empregos ao longo de 10 anos e se tornar "o maior presidente em termos de (geração de) empregos de todos os tempos".
Ele costumava afirmar que a taxa de desemprego era de mais de 40%. Mas, depois de assumir a gestão do país, passou a usar dados que antes descartava como "falsos".
A trajetória básica da economia sob o governo Trump é semelhante à da gestão Obama.
A taxa de desemprego atingiu 4,1% em outubro, a menor em 17 anos, e permaneceu nesse patamar, colocando o mercado de trabalho cada vez mais perto do chamado pleno emprego, após 81 meses consecutivos de crescimento.
Os mercados acionários bateram recordes, os preços do petróleo permanecem baixos, a confiança dos consumidores e das pequenas empresas é dinâmica, e a inflação está sob controle.
As vendas no varejo começaram a aumentar, embora as vendas de automóveis tenham diminuído em 2017. E o crescimento salarial permanece lento.
A Casa Branca estabeleceu uma meta de crescimento de 3%, que os Estados Unidos superaram no segundo e terceiro trimestres de 2017, marcando 42 meses consecutivos de expansão econômica.
E os republicanos esperam que os cortes nos impostos ajudem a impulsionar isso, embora muitos especialistas argumentem que reduzir a taxação dos mais ricos não se traduz em mais postos de trabalho, mas em maior concentração de renda.
"Aprovamos mais leis do que ninguém. Quebramos o recorde de Harry Truman", disse Trump no fim de dezembro.
O presidente sancionou 107 leis durante seu primeiro ano no cargo, menos que seus três últimos antecessores em números totais, de acordo com o site independente GovTrack, que monitora os projetos de lei do Congresso americano.
Trump ficou atrás de George W. Bush (118) e de Barack Obama (124), mas conseguiu aprovar a lei de reforma fiscal mais abrangente (e também polêmica) do sistema tributário americano das últimas três décadas, no fim do seu primeiro ano de governo.
Já a comparação com Harry Truman só está correta se analisados seus primeiros cem dias no cargo. Ele está atrás das administrações anteriores, conforme revelou o GovTrack.
Mas o Poder Executivo tem um poder de ação limitado nesse sentido, uma vez que cabe ao Legislativo introduzir novas leis.
Mais de 30 projetos de lei sancionados pelo presidente parecem ser modificações ou extensões da legislação já existente, segundo uma análise feita pela National Public Radio.
Além disso, dezenas desses projetos de lei servem apenas para homenagear pessoas ou organizações, incluindo rebatizar um prédio em Nashville e nomear integrantes para o conselho de um museu.
O presidente também exerce poder político por meio de ordens executivas unilaterais e decretos, o que permite ignorar o trâmite legislativo no Congresso em determinadas áreas.
Trump usou o recurso para dar início à saída do país do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, na sigla em inglês), reduzir a regulamentação para a abertura de negócios e avançar na construção de dois oleodutos polêmicos.
A saúde foi uma das bandeiras da campanha eleitoral de Donald Trump, que prometeu "revogar e substituir imediatamente" o Obamacare, sistema criado por Barack Obama, que proporcionou cobertura de saúde a mais de 20 milhões de americanos que não contavam com isso.
A proposta de Trump passou na Câmara, apesar de o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), agência federal independente, ter condenado o projeto, estimando que mais de 24 milhões de americanos poderão ficar sem seguro de saúde até 2026.
Mas o Senado rejeitou a tentativa. Foi um episódio embaraçoso para Trump e o Partido Republicano, que controla a Presidência e as duas Câmaras do Congresso pela primeira vez em 11 anos.
O presidente se mobilizou de outras maneiras para mudar o sistema criado por seu antecessor. E suspendeu os pagamentos governamentais às companhias de seguro de saúde, que ajudavam a diminuir os preços de planos de saúde para cidadãos de baixa renda.
O governo também cortou o financiamento para incentivar os americanos a se cadastrarem nos planos de saúde, enquanto a reforma fiscal aprovada pelos republicanos no Congresso suspende o seguro obrigatório estabelecido pelo Obamacare, eliminando a multa imposta aos americanos sem plano de saúde - algo que muitos consideravam crucial para garantir o funcionamento do sistema.
A revogação da obrigatoriedade pode levar os americanos mais saudáveis a abrirem mão dos planos de saúde, elevando os custos para quem está doente.
O CBO estima que o número de americanos sem seguro de saúde pode aumentar em 13 milhões e as tarifas dos planos de saúde podem subir 10% ao ano durante a próxima década.
Mas, até que o seguro obrigatório seja oficialmente suspenso, em janeiro de 2019, ainda não está claro qual será o impacto no mercado de seguros.
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