Era uma conversa entre mães. Eu, na época sem filhos, ouvia desinteressada.
- Nossa, meu filho pára no tempo quando assiste à Peppa Pig.
- O meu também. É tiro e queda, se quero um tempinho para fazer tarefas de casa ou descansar, é só ligar a TV na danada da porquinha que a paz reina.
Passei, então, a me sentir tentada a descobrir o porquê de tanto sucesso. Nem precisei me esforçar muito, pois, pouco tempo depois, eu tive um filho e logo logo precisei apelar para os poderes da Super Peppa.
É assustador. O ambiente tomado por choro passa a ter completo silêncio. Aliás, um completo silêncio intercalado com risadinhas. Passei a tentar observar o que exatamente chamava tanto a atenção.
Peppa Pig tem um desenho com traços simples, até dá a impressão de ter sido feito por uma criança. Os criadores do programa parecem saber exatamente como uma criança normalmente se porta em situações diversas, fazendo da Peppa e do George (irmão da protagonista), uma alusão fiel aos baixinhos, tanto nas situações fofas quanto naquelas em que eles são "malcriados".
Me peguei prestando atenção, quando percebi, já tinham se passado várias horas e muitos episódios. E eu me diverti, confesso. E eu sei que você também se diverte.
Em contrapartida, há também aquelas mães que não se rendem à "suína hipnótica" (ou pelo menos fingem que não), alegando que ela é muito mal educada e que as crianças podem absorver o "modo grosseiro" de agir. Aqui só vai um argumento que derruba o seu ladeira abaixo: quando eu era criança, assistia ao Pica-Pau, Pernalonga, Papa-Léguas, Coragem - o Cão Covarde, Piu-Piu e vários outros. Em todos os citados, havia algum personagem maldoso, que tirava proveito dos outros e trapaceava. Em 'Coragem', Eustácio, o dono do cão, é sempre mal-humorado e maltrata-o o tempo todo. E adivinhem só? Eu, que cresci tendo horas e horas diárias de entretenimento à base desse tipo de conteúdo, não me tornei trapaceira, desonesta - e muito menos maltrato os animais.
É questão de ensinar, minha gente. Conversar, ser transparente. Pode ser que seu filho, vez ou outra, aja como a Peppa ou outro personagem de algum outro programa. E você vai dialogar com ele de igual para igual, explicando o quanto aquele comportamento é inadequado. Faça igual a mim, um exemplo de mãe, que falo para o meu moleque que, se ele se comportar mal, vai ficar feio e fedido.
Brincadeiras à parte, pare de botar a culpa da sua negligência e erros nos desenhos infantis. Claro que não é todo tipo de programa que deve ficar disponível, porém, não sendo violência, sexo ou algum outro teor impróprio para crianças, basta observar se ele possui uma mensagem legal por trás e leve seu filho a perceber qual é.
Novamente, converse com ele sempre. Converse muito. Assim, evitaremos mais "Peppas malcriadas" no mundo.
G1
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