Com a evidência que o presidente
interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), ganhou no exercício
do poder, vieram à tona as falcatruas que o mesmo faz ou fez na política. A
primeira foi seu filho morar no Sudeste e trabalhar por lá como médico, mas ser
funcionário do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão com salário de R$ 7,5
mil, sendo que não aparecia para o expediente.
Agora, o jornal O Estado de S.
Paulo divulgou a informação de que o deputado maranhense deixou o meio
acadêmico, mas o meio acadêmico não saiu dele. Nos últimos anos, o presidente
interino da Câmara atuou paralelamente como "professor fantasma" da
Universidade Estadual do Maranhão (Uema), recebendo silenciosamente salários
mensais, tudo de forma absolutamente irregular. Eram cerca de R$ 16 mil por mês.
Os pagamentos, realizados entre fevereiro de 2014 e dezembro de 2015, somaram a
quantia de R$ 368.140,09.
Por
lei, qualquer servidor público que assume cargo de deputado tem que pedir o
afastamento imediato de sua função inicial para, então, exercer seu mandato e
ser remunerado exclusivamente por ele. O deputado Waldir Maranhão (PP-MA) sabia
disso, segundo a publicação. Tanto que, em 2006, quando foi eleito pela
primeira vez, largou a universidade estadual, onde exerceu cargos como os de
professor e reitor por 21 anos, e teve seus salários automaticamente cortados.
A situação permaneceu assim durante sua primeira legislatura, mas não chegaria
ao fim da segunda, iniciada em 2010, quando foi reeleito. Antes que o novo
mandato acabasse, Waldir Maranhão voltaria a figurar na lista de professores
ativos da Uema, ainda que virtual.
Em
fevereiro de 2014, o presidente interino da Câmara voltou a receber seus
rendimentos por serviços acadêmicos que não prestava, com o dinheiro caindo
diretamente em sua conta corrente. Se a volta desses pagamentos partiu ou não
de um pedido seu, o fato é que Maranhão não comunicou nada à universidade ou
mesmo à Secretária Adjunta de Gestão de Pessoas (Sagep), que executa os
repasses do governo maranhense para seus órgãos públicos. Quando foi eleito
para o terceiro mandato, iniciado em janeiro de 2015, o deputado teve uma "nova
chance" de esclarecer que estava recebendo salários de forma irregular. Não o
fez. E os salários continuaram a pingar religiosamente em seu bolso, até
dezembro de 2015, quando a festa teria fim, por conta de uma auditoria interna
da universidade.
A
reitoria da Uema afirmou que a inclusão de Waldir Maranhão na folha de
pagamento da instituição partiu da Secretária Adjunta de Gestão de Pessoas do
Maranhão. A Sagep, no entanto, negou ser responsável por isso e declarou que a
inclusão é feita pela própria área de recursos humanos da universidade, que tem
acesso ao sistema de pagamento. "É uma autarquia que tem autonomia
administrativa e financeira. Nós processamos a folha conforme aquilo que a Uema
coloca no sistema. Nós não temos que dizer quem vai ou não receber. É
responsabilidade da Uema", rebateu Adriane Ferreira, secretária da Sagep.
Fonte: O Povo com a Notícia