A crise política no Brasil, que pode resultar no impeachment da presidente Dilma Rousseff, revela a "pane de ideias" da esquerda latino-americana para criar um modelo que associe crescimento econômico a avanços sociais perenes. Essa é avaliação do analista político Jean-Jacques Kourliandsky, especialista em América Latina do conceituado Instituto de Pesquisas Internacionais e Estratégicas (Iris) da França.
Segundo Kourliandsky, que é autor de diversos livros e artigos sobre as relações internacionais latino-americanas, a esquerda que passou a governar países como Brasil, Venezuela, Chile, Argentina e México nos anos 2000 "não soube criar projetos de crescimento alternativos para que as economias não dependessem apenas dos recursos de matérias-primas".
No período de 2000 a 2012, diz ele, marcado pela forte alta dos preços das commodities, decorrente em grande parte da explosão da demanda chinesa, o Brasil e outros países da região arrecadaram um grande volume de recursos e lançaram vastos programas sociais de luta contra a pobreza.
"Houve a ilusão de que esse período de vacas gordas iria durar para sempre e não foi feita uma mudança profunda das estruturas econômicas", diz Kourliandsky à BBC Brasil.
Para o especialista do Iris, "faltou uma real reflexão" sobre o Brasil para diversificar os canais de crescimento econômico e assegurar a perenidade dos programas sociais.
"A economia brasileira é uma das mais diversificadas da região. Havia elementos que permitiriam ao Brasil acelerar o desenvolvimento de produtos industriais, com maior valor agregado", afirma. E, no continente, "a situação atual de impasse das forças de esquerda e as estratégias seguidas pelos liberais são o fruto da crise econômica", opina.
Fonte: O povo com a notícia
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