O delegado titular de Sirinhaém, Carlos Alberto Veloso, afirmou na tarde de ontem, terça-feira (3), que a principal suspeita no caso ''menino de 3 anos achado morto dentro de um pula-pula inflável'' é a mãe dele, a dona de casa Patrícia da Silva. A mãe da criança se defendeu e afirmou não ter responsabilidade pela morte, mas reconheceu que deixou o menino sozinho.
"Eu o levei para o pula-pula e fui caçar latinha. Eu não sou o que o povo pensa. Ele estava comigo na rua, no pula-pula. Depois eu fui olhar ele, não vi mais. Fui lá na casa da mulher [a dona do brinquedo inflável], chamei, chamei e ela disse que não tinha visto o menino. Não fui eu quem fez isso. Eu quero Justiça. Eu não sou um monstro", disse a mãe, na saída da Delegacia de Sirinhaém, no Litoral Sul de Pernambuco.
O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a causa da morte de Paulo Henrique Ferreira foi uma pancada na cabeça, não asfixia como a família afirmou inicialmente. "Pelas principais contradições que temos aqui, a mãe é a principal suspeita e vai continuar sendo até que se prove o contrário", explicou o delegado. Ele disse não acreditar que o garoto tenha morrido dentro do brinquedo.
Para Veloso, a mãe deixou o filho sozinho enquanto bebia e a família está tentando encobertar o que poderia ter ocorrido. "As contradições são muitas. A mãe nega que estivesse bebendo, disse que estava catando latinha. Na verdade, ela estava bebendo, estava em um bar e por duas vezes outra criança, de dez anos de idade, o levou até ela", detalhou.
A dona do brinquedo inflável, Maria Nazaré Bezerra, de 50 anos, e parentes da criança foram ouvidos pela manhã. Nos interrogatórios foi possível descobrir que o pula-pula era pequeno, um quadrado inflável de 4 x 4 metros que é desinflado no final do dia e coberto por uma lona grossa. "Ninguém vai sofrer um traumatismo craniano dentro de um brinquedo de plástico, de borracha", pondera Carlos Veloso.
O delegado quer agora entender como a criança morreu de fato. "Que causas levaram a matar uma criança? Mesmo que fosse na rua, ninguém ia aceitar que em alguém batendo numa criança assim. Isso deve ter ocorrido dentro de casa", afirmou.
Pela manhã, o delegado tinha lamentado o fato de o brinquedo ter sido queimado durante um protesto da população, depois que o corpo foi encontrado. Segundo ele, com a destruição do brinquedo foram eliminadas possíveis impressões digitais ou evidências que ajudariam no esclarecimento dos fatos.
Entenda o caso
Paulo Henrique Ferreira, de 3 anos, foi encontrado morto no último domingo (1º) dentro de um pula-pula inflável montado em uma praça de Barra de Sirinhaém, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A família contou que, no sábado (31), o menino pediu dinheiro ao avô para brincar no pula-pula e desapareceu. Os parentes passaram a noite fazendo buscas. A família chegou a contratar um carro de som, que rodou o município com a foto dele, pedindo ajuda à população. O corpo do menino só foi encontrado por uma prima por volta das 9h do domingo
Revoltada, a população ateou fogo ao brinquedo depois da retirada do corpo. A comerciante que alugava o pula-pula e outros brinquedos, Maria Nazaré Bezerra, de 50 anos, sentiu-se ameaçada após o incidente e saiu da cidade. Ela prestou depoimento no dia do incidente e foi liberada pela polícia.
"Era tudo pra mim aquele meu neto. Tudo que eu tinha na minha vida eu perdi", afirmou o pescador José dos Santos Ferreira, avô da criança.
O corpo de Paulo Henrique foi enterrado na tarde de segunda (2), no Cemitério de Barra de Sirinhaém. O Instituto de Criminalística (IC) informou que a perícia já foi feita e o resultado deve sair em dez dias.
Fonte: G1 Pernambuco
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